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Mostrando postagens de 2017

Suicida blog

Quero morrer. Não literalmente. Essa eu aguardo sem muita pressa, mas já sabendo que é inevitável. É mais uma espécie de "morte figurada", por assim dizer. Aos poucos eu venho matando o Alexandre que foi construído ao longo dos anos e que meio que estacionou. Esse Alexandre já não tem mais muito espaço, esse Alexandre só faz merda e só se afunda. Esse Alexandre trocou sonhos por segurança. Não que segurança seja ruim, pelo contrário, mas esse Alexandre se acomodou. Muito. Esse Alexandre virou uma pífia sombra daquele Alexandre cheio de sonhos, esperanças e "sangue nos olhos". Sei que aquele Alexandre não volta, ou pode voltar cheio de cicatrizes, mas ESSE Alexandre de hoje em dia precisa morrer.

Coisificado blog

Sabe como é ter realização profissional? Eu não. Há um certo tempo venho notando que deixei de ser uma pessoa, o Alexandre Santana, e virei o "rapaz do ponto". Sim, eu cuido da frequência no porto do Rio, em especial da Guarda Portuária. É um trabalho. É digno. É honesto. Mas deixei de ser uma pessoa e me tornei um relógio de ponto. Fui coisificado. Sim. Na maioria dos dias eu mal chego (07:00) e não ouço bom dia e sim um "Ei, o relógio está com defeito!" ou um "Oi, estou com um probleminha aqui no ponto..." e o pior de todos "Olha, vocês me deram falta aqui (sim, eu fui na frequência de um fdp aleatório e taquei falta, claro...)".  Eu imagino que na maioria dos empregos realmente seja assim e que eu esteja reclamando de barriga cheia. Pode ser. O problema é que não estou lidando com clientes, e sim com pessoas que trabalham na mesma empresa que eu. Com a grande diferença que estou EFETIVAMENTE trabalhando, diferente da grande maioria.

Nutellamente barbeado blog

Aconteceu. Fui em uma dessas barbearias nutella. Sim, eu gastei 70 reais pra fazer cabelo e barba. Em minha defesa, eu fui para conhecer mesmo, e ia em um casamento. Não ousei, apenas passei máquina 1 no cabelo e aparei a barba, mais nada. Antes de passar minhas impressões, vou explicar os termos utilizados. São eles: Barbearia raiz - É aquela barbearia antiga, com os velhinhos de jaleco branco. Barbearia nutella - São essas "gourmet", que querem passar uma imagem vintage, vendem inúmeros produtos pra barba e geralmente servem chope artesanal. Barbearia express - São aquelas que o cara compra uma máquina e cobra 5 reais pra passar. Barbearia roots - Sim, sei que que root é raiz, mas foda-se. Geralmente é da galera hip hop, black music em geral. Barbas e cabelos estilosos, ousando nos desenhos cuja estética varia pra quem olha. Então, dadas as explicações, vamos às impressões. Os barbeiros : -  Na barbearia raiz geralmente são idosos, mas não é regra. Cost

Antifutebolístico blog

"O futebol deve ser o esporte mais invejoso que existe. Eu lembro que nas chaves de campeonatos de luta, quando você perde pra um cara, você torce para q ue ele venha a ser campeão, porque ao menos você pode dizer "perdi pro cara que foi campeão", ou seja, você perdeu pro melhor cara da chave. Em futebol é o contrário, o que vale é o rancor."  - Gustavo Lima Não é segredo pra ninguém que desprezo o futebol. O esporte em si acho chato e ver jogadores fingindo lesão me soa escroto ao extremo. Só que a maior parte do meu desprezo vem justamente dos torcedores.  Tudo começou nos anos 80, quando eu era um mero moleque catarrento. Um tio e um primo, vascaínos (e definitivamente meu desprezo pelo Vasco é maior do que pelos outros times) agiam como completos imbecis quando o timeco ganhava. Mas desapareciam quando perdia. Isso me parecia tão retardado que surgiu em mim um sentimento de "não quero ser assim", e fui desenvolvendo um completo asco por

Rockinriozístico Blog, parte 2.

 Dessa vez fui ao Rock in Rio num dia que tinha mais a ver comigo e, ao chegar, vi que não é bem assim. Desde sempre, show de rock pra mim é com aquela galera que CURTE as bandas que vão tocar, mas muita gente só estava lá because Rock in Rio. Só, apenas. Sério, é um porre ficar desviando de milhares de fotos de grupos, de selfies e poses idiotas. Provavelmente estou mais velho do que minha idade cronológica. Mas curiosamente duas meninas tentaram me beijar. Sei lá o que estava havendo, mas pra muita gente tinha um clima de micareta. Vejamos então minhas impressões: - Inúmeros cosplayers. Sério, pra que esta merda??? - Gente revirando lixo atrás de copos. Não entendi bem a razão, mas tinha gente colecionando copos. Acho. E nem eram copos fodões, eram copos descartáveis com o símbolo da Heinenken. - Estava mais cheio que o da semana passada. Meia hora pra andar uns 100 metros. - Dr. Pheabes & Supla: Nada contra a banda paulistana. Nem nada a favor. Mas Supla? Mano, Supla é

Rockinriozístico Blog, parte 1

 Ontem fui novamente ao Rock in Rio. Falem o que quiser, mas eu gosto desse programa de índio. E dessa vez o transporte foi até bem facilitado (NADA que se compare ao de 2001, com seus ônibus saindo de inúmeras partes da cidade, incluindo Vigário Geral), não sendo um grande inferno como o de 2013. Basicamente descemos quase em frente à entrada, num terminal do BRT. Apesar da grande quantidade de pessoas, o fluxo seguia normal.  A entrada em si demorou, pois havia uma fila pra já garantir a passagem do BRT na volta, a fila da revista e a da bilheteria, mas não foi nenhum absurdo. Demorava mais desviar das inúmeras selfies sendo tiradas.  Havia, por alguma razão, uma área dedicada aos games e afins, com alguns cosplayers. E nunca escondi meu desprezo por esse tipo.  Havia muita gente com camiseta do Rock in Rio. No Rock in Rio. Fiquei imaginando que seria um tipo de abadá pra uma micareta.  Havia uma galera com roupa tipo de motoqueiro americano. Ou aquela galera parecendo punk

Poltergeist blog

 O simpático bairro da Liberdade era um gueto. Na II Guerra os imigrantes japoneses foram concentrados lá pelo governo, da mesma forma que os italianos foram concentrados no Bixiga, logo ao lado. O bairro se chama "Liberdade" pois antigamente era na praça onde se situa a estação do metrô onde se enforcavam os criminosos, inclusive aquela igreja sinistra na praça se chama Igreja Santa Cruz das Almas dos Enforcados, um nome bem mimoso.   Certa vez um cidadão seria enforcado, a corda arrebentou mais de uma vez e a galera achou que fosse milagre. Começaram a berrar "Liberdade!". Não adiantou, o cara foi enforcado e enterrado ali no Cemitério dos Aflitos, de onde só sobrou a capela.  É, o bairro foi construído em cima de um cemitério. Singelo, não? Não que o centro do Rio seja menos bizarro. O Beco das Sardinhas, por exemplo, era um cemitério de indigentes. A própria Cinelândia está em cima de um, o cemitério do Convento da Ajuda.

Mendicante blog

No  final do século XI até o início do século XIII o mendigo tinha um papel curioso entre as sociedades cristãs na Europa ocidental. Ele era primordial para aquilo que os cristãos chamam de "Salvação do Rico". Justamente por isso, o mendigo costumava ser bem acolhido na sociedade medieval em boa parte da Europa. Toda comunidade, cidade ou mosteiro queria ter seus mendigos pois eles eram como um tipo de elo entre o Céu e a Terra. Eram basicamente instrumentos com os quais os ricos podiam expiar seus pecados através da caridade. Não é muito diferente daquela galera que paga de defensora dos fracos e oprimidos pra gerar likes no Youtube.

Belicoso Blog

Hoje fiz uma aula de tiro. Sim, fui lá, paguei e dei uns tiros, com uma rápida instrução sobre como carregar a arma, segurar e mirar. Não é exatamente complicado, mas também não é tão fácil como filmes fazem parecer. Minha experiência com tiros se resumia à Laser Gun do Phantom System, o Time Crisis e tiros com arco no Kyudo (arquearia japonesa). Ou seja, um total leigo. Fiz minha inscrição há uns dias e hoje fui lá ver como era. Domingo de manhã lá estava eu numa parte meio barra pesada do Centro do Rio. O stand fica perto da Central do Brasil, e quem conhece os arredores entende o que estou falando. Mas na verdade estava bem tranquilo. Breve resumo: - Não é tão caro quanto eu imaginava. Mas pra praticar ainda é pesado pra um assalariado médio brasileiro. - Colocar as balas no carregador é mais difícil do que mostram nos filmes. - A arma era uma Imbel M2 .380 e, a despeito da minha total leiguice, achei a arma de uma ergonomia linda. Muito mais que um arco de Kyudo (que te

Dupliplusbom Blog

De uns tempos pra cá, por algum motivo que desconheço, uma galerinha "dubem" passou a querer controlar o que você diz, faz ou pensa. Tudo isso em nome da bondade, respeito e pluralidade. Oprimem contra a opressão. Censuram pela liberdade. Fazem malabarismos lógicos para taxar como ditaduras aquilo que não gostam e chamar de democracia ditaduras descaradas que compartilham de sua ideologia.  Quem já leu o romance “1984” de George Orwell vai entender de cara essa questão. Essa galerinha "dubem" utiliza de duas ferramentas linguísticas que Orwell descreveu muito bem em sua distopia: duplipensamento e novilíngua. Basicamente, essas ferramentas visam moldar o pensamento a partir da mentalidade revolucionária e limitar a capacidade de comunicação e expressão dos indivíduos, transformando-os em meros robôs.  O duplipensamento é o ato de aceitar simultaneamente duas crenças mutualmente contraditórias como corretas. Parece com hipocrisia, mas na verdade a pessoa REALME

Fingido Blog

"O poeta é um fingidor Finge tão completamente Que chega a fingir que é dor A dor que deveras sente"  Embora não seja poeta, sou uma pessoa, não tão complexa quanto o Pessoa, e finjo que é dor a dor que deveras sinto.  Todo dia, ao acordar, preciso achar um motivo pra levantar e encarar o trânsito e o emprego que, apesar de pagar direito, não traz satisfação alguma. Basicamente o motivo que encontro é poder cuidar da pessoa que amo. Ou simplesmente falo pra mim mesmo "Você é pobre, Alexandre", e me convenço a sair. Não tô tentando fazer texto que faça sentido ou qualquer coisa. Tá mais pra um desabafo, apenas.  Tô cansado. Não fisicamente, mas na "alma", se é que isso existe. Esgotado. Esvaído. Parece que está num nível celular, se é que essa comparação faz algum sentido.  Não, não estou fazendo carta de despedida, não pretendo me matar nem nada disso. Não faz meu estilo. Dá trabalho, é sujo e deixa as pessoas que você ama dev

Grunge blog

  Fui então ver a exposição  Nirvana: Taking Punk to the Masses,   no Museu Histórico Nacional (que é um dos meus locais favoritos nesse Rio de Janeiro).    Não é segredo que sou um fã de Nirvana.  Fiquei lembrando de quando conheci a banda. Foi em 90, uma época que eu tava me definindo musicalmente. Eu comecei ouvindo o saudoso Michael Jackson. Lembro que ouvia também Guns and Roses, mas não ligava muito para aquelas voz esganiçada do Axl, e um ou outro metal. Um dia, ouvindo a Fluminense FM (a extinta Maldita) e ouvi uma musica chamada "Love Buzz" e o nome da banda era NIRVANA. "Legal...", pensei, nome maneiro, mas aqueles acordes não saíam da minha cabeça. Fui procurando mais coisas sobre Nirvana, mas não encontrava. A única coisa que eu sabia sobre Nirvana é que era uma palavra que no Budismo significava um estado de libertação. Em 91 estava eu ouvindo a extinta Rádio Cidade, e começa uma música com uns acordes de baixo e logo após começa uma pancada sonora.

Fígaro Blog.

 Chega aquela época em que é necessária a poda da juba e da barba. No meu caso, é basicamente quando começo a mastigar o bigode ou fico com o cabelo igual ao do Krushnood Butt. Então vem a difícil escolha de onde irei executar a tosa: Barbeiro Raiz ou Barbeiro Nutella.  No caso do barbeiro raiz, eu geralmente tenho 3 opções: O velhinho do bairro que cortou o cabelo até do meu avô, um barbeiro raiz perto do trabalho ou uma antiga barbearia com uns barbeiros velhinhos de jaleco branco. Cada uma das 3 tem suas particularidades, mas mantém a linha tradicional pelo simples fato de serem tradicionais.  O barbeiro Nutella, até onde entendi, se trata de um lugar moderno mas que finge ter um ar antigo. Todos tem móveis imitando barbearias antigas, com os caras vestindo roupas da década de 20 e te dando uma cerveja de brinde. Tudo bem que o corte custa 50 reais e nos barbeiros raiz custa uns 25 e dá pra você tomar uns chopes com o troco, mas beleza.  Dizem que o barbeiro Nutella fa

Limítrofe Blog.

Você acorda cedo. Você acorda cedo e sai de casa cedo. Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho. Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio. Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio visto que no trem, onde você levaria somente meia hora para chegar ao trabalho, o silêncio é algo que não existe. Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio visto que no trem, onde você levaria somente meia hora para chegar ao trabalho, o silêncio é algo que não existe e você quer um pouco de silêncio em sua vida pois no seu trabalho o telefone toca o tempo todo e em casa você tem vizinhos ouvindo música alta o tempo todo e na frente de casa tem uma porra de um lanterneiro. E todo o dia a mesma coisa. E todo dia é o Dia da Marmota. Você já nem ague

Kitânico Blog 3, o Desafio Final.

Nessa minha última ida ao festival de Takeshi Kitano na Caixa cultural eu revi "Zatoichi" de 2003. Adoro esse filme, tenho o DVD e sou fã do personagem.  Zatoichi é um dos personagens de ficção mais conhecidos na literatura do Japão e TV. O personagem foi criado pelo escritor Kan Shimozawa e depois foi adaptado para a TV pelo Daiei Studios e originalmente interpretado por Shintaro Katsu.  Zatoichi aparece como um anma san (massagista) cego que vagueia ganhando a vida realizando suas massagens, acupuntura e jogando dados. No entento, ele é um excelente espadachim do estilo Muraku-Ryu de kenjutsu e iai e também mostra habilidades em Sumo, taijutsu e kyujutsu.  Ele não carrega uma katana comum, e sim uma shikomizue (espada disfarçada de bengala). Ou seja, ele passa a imagem de um massagista cego completamente indefeso. Isso, pra mim, é genial. Então, Kitano sempre foi um fã de Chanbara (o nome original dos filmes de samurai) e nada melhor que esse personagem icônico pra

Kitânico Blog 2, a Missão.

監督·ばんざい (Kantoku. Banzai!) ou "Glória ao cineasta!" é um filme autobiográfico de Kitano. É o segundo da trilogia autobiográfica, iniciada com Takeshis e terminada com Aquiles e a Tartaruga. Neste ele usa uma forma meio "Monty Python's The Meaning of Life", com várias esquetes meio com uma certa ligação entre si para contar criativamente sobre como um hiato criativo o está atacando.   É um filme bem difícil de descrever, é meio como se Ed Wood e Stanley Kubrick se juntassem numa só pessoa e fizesse um filme. E atuasse. E usasse um boneco de fibra como dublê. A forma como ele narra usa recursos propositalmente toscos de computação gráfica, pessoas agindo como se estivessem em anime e hilárias autocríticas a seu estilo e sua fixação por violência e Yakuza.  Resumindo: Takeshi Kitano, interpretado por Beat Takeshi (Sim, são personalidades distintas)  busca desesperadamente um novo gênero que trará o público de volta aos cinemas, visto que seus filmes nunca f

Kitânico Blog

あの夏、いちばん静かな海  "Ano natsu, ichiban shizukana umi (O mar mais silencioso daquele verão)", de 1991, filme dirigido e escrito por Takeshi Kitano, famoso por seus filmes violentos geralmente sobre a Yakuza e que estrelou e dirigiu um Zatoichi que fazia até o sangue jorrando ser bonito. "Uma cena à beira mar" (nome dado aqui no Brasil e em Portugal) mostra o Kitano poético, bem humorado e metafórico de sempre, só que sem a violência habitual. Imaginei que seria chato de se assistir mas, não, o filme cativa.  O filme se passa em uma cidadezinha litorânea no Japão onde vivem Shigeru, um catador de lixo surdo-mudo e sua namorada Takako, também surda-muda. Certo dia Shigeru estava recolhendo lixo pelas ruas da cidade quando encontra uma prancha de surf quebrada. Ele fica fascinado por ela e acaba a levando pra casa e a consertando.  A partir desse momento, ele faz do surf um ideal para dar sentido à sua vida, ignorando totalmente o amor de Takako, que o segue para tod