Fui então ver a exposição Nirvana: Taking Punk to the Masses, no Museu
Histórico Nacional (que é um dos meus locais favoritos nesse Rio de Janeiro).
Não é segredo que sou um fã de Nirvana. Fiquei lembrando de quando conheci a banda. Foi em 90, uma
época que eu tava me definindo musicalmente. Eu comecei ouvindo o saudoso
Michael Jackson. Lembro que ouvia também Guns and Roses, mas não ligava muito
para aquelas voz esganiçada do Axl, e um ou outro metal. Um dia, ouvindo a
Fluminense FM (a extinta Maldita) e ouvi uma musica chamada "Love
Buzz" e o nome da banda era NIRVANA. "Legal...", pensei,
nome maneiro, mas aqueles acordes não saíam da minha cabeça. Fui procurando
mais coisas sobre Nirvana, mas não encontrava. A única coisa que eu sabia sobre
Nirvana é que era uma palavra que no Budismo significava um estado de
libertação. Em 91 estava eu ouvindo a extinta Rádio Cidade, e começa uma música
com uns acordes de baixo e logo após começa uma pancada sonora... caracas,
vidrei naquela música. O nome dela? “Smells like teen spirit”. O nome da banda?
NIRVANA. Daí foi muita coisa que aconteceu: decorei tudo que é música,
usava camiseta da banda com camisa de flanela no calor carioca, fui no show na
Apoteose... enfim, típico pirralhinho grunge dos anos 90. Diferente de
hoje em dia, ouvir Nirvana era meio que uma forma de protesto. Ou de
libertação. Pra quem não se lembra, o pessoal já tava meio cansado do marasmo
do fim dos anos 80. Hoje em dia existem inúmeros festivais dos anos 80, mas a
verdade é que quem viveu os anos 80 já estava de saco cheio deles. Só que no
início dos anos 90, começa a surgir um movimento em Seattle chamado Grunge, e
meio que como carro abre-alas vinha o Nirvana, numa posição não aceita por
eles, diga-se de passagem. O Grunge se caracterizou por não ter aquele maldito
virtuosismo dos anos 80, por ter letras que condiziam com a realidade dos fãs
e, a sua melhor característica na minha opinião, pelo fato dos músicos se
vestirem que nem gente, e não com couro, lurex e lycra. Não que o couro, lurex
e lycra não tenham sua importância no rock, tem sim. Mas já estávamos de saco
cheio disso. O Grunge meio que deu um pouco de ar pro rock respirar, e que
acabou fazendo com que ele voltasse com força total, seja qual for sua
vertente. O visual lenhador não era pra lançar moda, e sim era a roupa que
eles usavam no dia a dia, só isso. Nirvana nem era a “melhor” banda do
movimento, mas foi, e é, minha preferida.
Ver a exposição não foi apenas ver a minha banda
favorita. Foi uma viagem no tempo e nos sentimentos. Não apenas relativos ao Grunge
em si, mas de tudo na época. Vitórias, conquistas, derrotas, perdas pessoais,
pessoas queridas que já se foram... Ver essa exposição também me fez ficar triste
ao lembrar que Cobain, Staley, Weiland e Cornell já morreram. Talentos que
foram embora cedo demais.
Uma coisa que me dá pena dos garotos de hoje em dia é o
fato deles não terem a exata noção do que foi o Nirvana. Eu sei como é isso,
afinal eu curto Beatles, Elvis e afins. Não vi Elvis num palco, só o conheci em
gravações. O mesmo acontece com estes garotos que, sendo fãs de Nirvana, não
terão a chance de ver a banda fazendo sucesso, de aguardar o lançamento de um
novo disco, de juntar uma grana pra ir no show dos caras e, num dia de abril de
94 ao assistir o Jornal Nacional receber a notícia de que seu ídolo deu um tiro
na cabeça e se juntou às lendas do rock em algum grande show eterno.

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