Você acorda cedo.
Você acorda cedo e sai de casa cedo.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio visto que no trem, onde você levaria somente meia hora para chegar ao trabalho, o silêncio é algo que não existe.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio visto que no trem, onde você levaria somente meia hora para chegar ao trabalho, o silêncio é algo que não existe e você quer um pouco de silêncio em sua vida pois no seu trabalho o telefone toca o tempo todo e em casa você tem vizinhos ouvindo música alta o tempo todo e na frente de casa tem uma porra de um lanterneiro.
E todo o dia a mesma coisa. E todo dia é o Dia da Marmota.
Você já nem aguenta mais ouvir seu nome.
Você tenta certos subterfúgios.
Há uma orla, um boulevard e um museu.
Você os usa para ter um mínimo de silêncio antes de entrar no seu trabalho.
A orla é passagem entre as barcas e o distrito naval. As pessoas passam conversando alto. Valeu a tentativa, mas não dá.
O boulevard deu por um tempo. Mas de uns meses pra cá o pessoal da sua empresa resolveu socializar ali na frente de um dos prédios. Você é sempre avistado e sempre falam com você. É, não rola mais.
Sobrou o museu. O museu tem uma pista em volta. Silenciosa, segura, só o barulho do mar, vento e grilos. Tá, vez ou outra tem alguém falando alto. Pessoas correndo. Mas no geral você relaxa.
Hoje você caminha lá. É um dos raros lugares no Centro onde faz um certo silêncio. Só o som do vento. Das ondas. Dos grilos. Você consegue relaxar uns instantes. A paz inunda seu ser.
Passam duas mulheres conversando em voz alta e esganiçada. Cidadão correndo e gemendo pois aparentemente sente tesão em correr. Porra dum sino tocando loucamente na Nossa Senhora de Montserrat. Helicóptero sobrevoando. Portuário te abordando pra falar de trabalho.
Você sente uma simpatia enorme por D-Fens.
Você acorda cedo e sai de casa cedo.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio visto que no trem, onde você levaria somente meia hora para chegar ao trabalho, o silêncio é algo que não existe.
Você acorda cedo e sai de casa cedo pois pega dois ônibus para ir pro trabalho pois quer ir em relativo silêncio visto que no trem, onde você levaria somente meia hora para chegar ao trabalho, o silêncio é algo que não existe e você quer um pouco de silêncio em sua vida pois no seu trabalho o telefone toca o tempo todo e em casa você tem vizinhos ouvindo música alta o tempo todo e na frente de casa tem uma porra de um lanterneiro.
E todo o dia a mesma coisa. E todo dia é o Dia da Marmota.
Você já nem aguenta mais ouvir seu nome.
Você tenta certos subterfúgios.
Há uma orla, um boulevard e um museu.
Você os usa para ter um mínimo de silêncio antes de entrar no seu trabalho.
A orla é passagem entre as barcas e o distrito naval. As pessoas passam conversando alto. Valeu a tentativa, mas não dá.
O boulevard deu por um tempo. Mas de uns meses pra cá o pessoal da sua empresa resolveu socializar ali na frente de um dos prédios. Você é sempre avistado e sempre falam com você. É, não rola mais.
Sobrou o museu. O museu tem uma pista em volta. Silenciosa, segura, só o barulho do mar, vento e grilos. Tá, vez ou outra tem alguém falando alto. Pessoas correndo. Mas no geral você relaxa.
Hoje você caminha lá. É um dos raros lugares no Centro onde faz um certo silêncio. Só o som do vento. Das ondas. Dos grilos. Você consegue relaxar uns instantes. A paz inunda seu ser.
Passam duas mulheres conversando em voz alta e esganiçada. Cidadão correndo e gemendo pois aparentemente sente tesão em correr. Porra dum sino tocando loucamente na Nossa Senhora de Montserrat. Helicóptero sobrevoando. Portuário te abordando pra falar de trabalho.
Você sente uma simpatia enorme por D-Fens.

Nem me fala, aqui no C.P.D. é barulho de ar condicionado, duas senhoras que tem voz esganiçada e duas impressoras de alta produtividade que são um pé no saco. Eu moro em frente à Mangueira e ao lado de uma filha de uma vagabunda de quinta categoria igreja evangélica. Às vezes os vizinhos resolvem botar funk nas alturas. Depois de todos esses anos, sabendo como viver no Japão não é fácil (e para mim nem seria possível... infelizmente) eu tenho mais afeição a este país pela alergia que os japoneses tem de barulho alto e socialização.
ResponderExcluirContudo, aqui não é Japão. Só me resta surtar e adoecer aos poucos.